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20
Dez22

Natais

Leite Pereira

Natais

Estamos no mês de vários natais. No dia 6, comemorou-se o falecimento de S Nicolau, figura do século III, que viria dar o nome ao Pai Natal por ser bondoso e gostar de dar presentes às crianças. No dia 22, solstício de inverno, comemora-se o Deus Sol (natalis invicti solis) e, finalmente no dia 25, a Igreja católica comemora o nascimento de Jesus, data esta que foi ressignificada, embora outras igrejas, nomeadamente a ortodoxa o  comemore em 7 de Janeiro. É óbvio que todas estas datas são sem rigor bíblico e muito menos histórico. Mas, em bom rigor sabemos que, quando se pretende exaltar algo ou alguém, a sua origem e a sua predestinação, pouco importa a data exata do seu nascimento ou da sua morte. Quantos de nós, hoje em dia, seguimos como exemplo de vida, de sapiência e sagacidade alguém, como familiares de outras gerações, amigos ou figuras públicas, sem nos preocuparmos de onde e quando vieram. O Natal é, assim, um período de reflexão, de convívio, de amor, de solidariedade, de dar e receber, das  árvores de plástico decoradas a preceito com luzinhas cintilantes e dos presentes no sopé, dos típicos doces de natal, como o bolo rei ou rainha, a aletria, o arroz doce, as rabanadas, as filhós, as azevias, os coscorões, as broas castelares, os formigos, os sonhos e tantos outros. Cozinham-se os típicos pratos quentes de um bom e lombudo bacalhau, polvo assado ou cozido, peru assado, borrego, anho ou cabrito assados e leitão à moda das várias regiões. Preparam-se os vinhos tintos ou brancos, verdes ou maduros, conforme as castas, anos de colheita e graduação a gosto e servidos em copos de bojo e haste apropriados. Colocam-se as melhores baixela, assim como os melhores e mais apropriados faqueiros.  Depois da mesa posta e decorada com motivos festivos e iluminada com velas de cera em, castiçais clássicos e ancestrais. Distribuem-se os comensais pelos locais apropriados, com os anfitriões à cabeceira e os mais velhos junto deles, seguindo-se os restantes casais, se existirem, um em frente ao outro. Para muitos (felizmente) serão assim as celebrações do Natal. Para outros e são muitos, não são, muito principalmente para quem vive em guerra e despojados das mais básicas condições de vida, para os doentes, os desacompanhados e os desprovidos de bens materiais para aquisição dos bens fundamentais. Para todos, principalmente família e amigos, um confortável Natal.

 

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